Enfim,

30 de setembro de 2014

Enfim, Paloma, você não é mais uma menina.

Sei que é estranho tomar suas próprias decisões, assim, por si só. Principalmente se ficou a vida inteira tendo suportes. Era mais fácil quando sua mãe lhe mandava fazer algo, quando dizia somente um não, quando te inscrevia no balé sem te consultar - desse jeito, a responsabilidade de ter feito ou ter deixado de fazer não era (ou pelo menos não parecia ser) toda sua. Nesse momento, o medo de errar ás vezes invade o seu peito.

Eu sei Paloma, era mais fácil quando havia alguém por perto. Agora estão todos tão distantes e mais distantes ficarão. Mas daqui em adiante, você não é mais uma criança, e precisa aprender a realmente viver sozinha, assim, como sempre achou que estava. Engraçado perceber que o seu eu solitário era poético e não real.

Faz parte do crescer, essa coisa solo. Começará a traçar caminhos, e agora é você quem escolhe Paloma, não mais serão os outros – eles só te darão conselhos. Dizer “sim”, dizer “não”, é contigo. Seus sonhos de infância serão testados. 
Talvez seus sonhos de infância ficaram na infância. Virar adulta também abre o coração para que nele entrem novos sonhos (e talvez a crueldade da vida é ser tão curta para tantas pombas, como disse Raimundo Correia).

Hoje, suas escolhas começam a ter peso da idade. As pessoas esperam algo de você. Você espera algo de você. Eu espero algo de ti, Paloma. Passamos a vida inteira achando que estamos prontos, mas não estamos. A verdade é que a tal da vida é uma aprendizagem, e a gente vai aprendendo aos poucos a estar preparado. É normal se assustar, mas acho que você dá conta.

Agir de forma racional em algo emocional é difícil, principalmente para alguém que sempre foi tão oposta à lógica. Dizer “adeus” a algo que sempre quis, dói, mas faz parte. Mas se tudo é aprendizagem, Paloma, você aprende a lidar com isso também (inclusive, o ensinamento muitas vezes vem dos erros).

Enfim, Paloma, você agora é uma ex-criança.
Enfim, Paloma, você agora não é mais uma menina!

Então, por que, Meu Deus, não me sinto uma mulher?
Ainda vejo uma cobra e um elefante...


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