sobre mudança de casa, nova identidade, aspirações e felicidade

19 de janeiro de 2017
Desde quando li Harry Potter pela primeira vez, eu quis ser da Grifinória. Além do motivo óbvio dos meus personagens preferidos estarem na casa, eu realmente achava o lema "coragem e nobreza" o mais bonito de todos - ainda acho, inclusive. Ficava sonhando com o dia em que o chapéu seletor iria me colocar na casa vermelha e dourada (!), eu conheceria os marotos (!!) e seria tão inteligente quanto a Hermione (!!!). Tamanha foi a minha surpresa quando, no primeiro teste que fiz para saber qual casa eu pertenço, ele deu Corvinal. No primeiro, no segundo, no terceiro... até mesmo no Pottermore.

Não achava Corvinal ruim,  o pior era que, no fundo, eu sabia perfeitamente que eu tinha tudo a ver com a casa. Apesar de querer muito, sempre soube que não era corajosa o bastante (nem nobre) para estar com os grifinorianos - mas.a.vontade.não.passava! Pouco a pouco fui me acostumando com a ideia, sempre com uma pontinha de tristeza, mas com um certo orgulho crescente e um forte sentimento de pertencimento.


Até que, nesse início de 2017, as meninas que moram comigo resolveram  fazer o teste, o que me deu uma vontadezinha de voltar pro Pottermore. Descobri que o site passou por uma transformação e que eu poderia ou recuperar o meu usuário antigo, ou refazer a seleção das casas. Fui na segunda opção, pois estava curiosa, mas eu meio que já esperava qual seria o resultado, então fiz sem muitas expectativas. Quase pulei da cadeira quando o final do teste disse que eu era Grifinória. Eu realmente não entendi. Passei por uma crise existencial (!). Não aceitei. Já estava acostumada com a minha vidinha corviniana (?).




Depois de um dia ou dois, após o choque da mudança, comecei a refletir sobre os motivos que poderiam ter levado o resultado mudar  (levo a cultura pop realmente a sério mesmo, e você que é feio?). E o fato é que nesses dois anos morando em São Paulo, numa cidade tão assutadoramente maravilhosa, vibrante, desconhecida e selvagem, vi que é impossível passar por alto e eu não me transformar nem um pouquinho. Dois mil e dezesseis, principalmente, um ano extremamente especial em diversos aspectos, me desafiou de muitas maneiras conseguindo despertar uma coragem que eu não sabia que existia em mim. Estou longe de lutar contra Voldemort, mas estou conseguindo lidar com as minhas mini lutas diárias.

O ano passado começou com a minha decisão de mudar de curso, definitivamente. Antes eu estava fazendo História e não me identifiquei logo no primeiro semestre, mas fui empurrando por medo de enfrentar mais um vestibular, por medo de perder um ano, por medo de me achar velha demais (!). Até que depois de alguns sinais, percebi que a situação se tornaria insustentável e eu nunca seria feliz estando no curso em que eu estava. E, para finalizar, uma certeza cristalina crescia me mostrando que a minha verdadeira vocação era fazer Letras. Conversei com professores, alunos e amigos, e decidi migrar para o novo curso de forma não oficial, mas que me trouxe a maior felicidade do mundo: fazer aquilo que ama.

Isso me fez quebrar um bloqueio que estava me cercando há muito tempo. Comecei a me abrir e permitir um espaço para conhecer novas pessoas e fazer amizades, coisa que não tinha feito pois estava muito concentrada em mim, o que fazia eu me sentir extremamente solitária e infeliz. Voltei a me sentir empolgada, com vontade de explorar e viver. Consegui sair de uma república horrível, onde os meus momentos de ficar em casa (que eu tanto prezo) eram um verdadeiro inferno, e fui parar num lugar tão bom, mas tão bom, que chamar de lar chega ser pouco.


Acho que não é coincidência que eu tenha me apaixonado também. Uma consequência esperada. Complicada, se você for pensar que eu estava num relacionamento a distância há quase dois anos. E aí veio a segunda coisa mais corajosa que tive de fazer ano passado, que me causou mais dor do que qualquer outra: dizer adeus a quem ainda se ama, mas que era preciso dizer adeus. Chorei muito e ainda choro, mas permanecemos somos amigos e isso faz toda a diferença. Agora estou solteira (mas sozinha nunca (rs!!)), embarcada em algo tão incerto feito a vida, mas que me traz muitas alegrias e me desperta tantas coisas...




Foi em dois mil e dezesseis que eu realmente comecei a construir uma vida no lugar que eu escolhi viver. Eu já amava São Paulo de forma idealizada e  externa, mesmo morando nela, mas a partir desse ano que eu comecei a me sentir parte de seu microcosmo, de suas manias, de suas gírias e tepes, no seu ritmo e na vontade de gritar o quanto eu a amo. Consegui voltar a ser feliz, algo que, durante um período de extrema desilusão, cheguei a pensar que jamais seria de novo (dramático? talvez...).

Eu ainda sinto que a minha casa é Corvinal (não só pelos anos, mas porque é mesmo), porém essa mudança de resultado foi importante para eu perceber que estou me tornando uma pessoa que eu sempre quis ser. Lutas diárias são importantes. Mudar e, ao mesmo tempo, recuperar a si mesma, é extremamente delicioso. Ser selecionada para uma nova casa foi só simbólico.






Mais coisas legais que aconteceram em 2016:

- Comecei a ponta no ballet;
- Conheci o Kio, o Truta e a Sardinha <3 (E o Edgar, meu gato capixaba, apareceu no começo de 2016 também *_*)
- Participei de uma greve e ocupação de um prédio (da Letras, no caso);
- Apresentei minha iniciação científica no Sintusp;
- Fiz uma festa de aniversário e ganhei um bolo baseado em Harry Potter da minha querida amiga, Aline Porfirio;
- Voltei a ser usuária assídua de karaokês;
- Chorei vendo Animais Fantásticos e Onde Habitam;
- Tive as melhores aulas da minha vida;
- Minha autoestima melhorou 50%;
- A vida é bela.



Resoluções para 2017:

Eu sei que um novo ano, na prática, não muda nada, mas querendo ou não é o nosso ciclo que se reinicia, então é uma boa oportunidade de tentar mudar alguma coisa. Quero fazer metas bem atingíveis, vamos ver se consigo:

1. Me alimentar melhor;
2. Me alongar três vezes por semana;
3. Usar menos o celular;
4. Fazer uma limpa no facebook;
5. Fazer um trabalho comunitário;
6. Juntar dinheirinho pra uma viagem no fim do ano;

7. Ser mais organizada.



2 comentários:

  1. Achei ótimo o post, principalmente por estar precisando de um pouco de coragem grifinória aqui em bh.
    Bjs e um feliz 2017!, já que o ano no Brasil só começa depois do carnaval hahah (sqn, pq férias não to tendo mesmo kkk)
    Ps.: surpreso em descobrir sua mudança de curso! Sucesso na nova(?) jornada :)

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  2. Oi Paloma, tudo bom? Sei que não conversamos, mas li esse post e tive que vir comentar porque me identifiquei bastante!
    Também sou da grifinória e sentia que eu não merecia aquela casa por não ser corajosa o suficiente. Mas, também como você, troquei de curso e me mudei sozinha pra São Paulo... acho que isso já demanda uma certa coragem, né? Ás vezes a gente acaba sendo modesta demais com as nossas forças, não sei direito...
    Outra coisa que me identifiquei com você é morar numa república. Também moro em uma que me estresso muito, no meu caso é o dono que é um doido. É ok morar lá no geral, mas muitas vezes me estresso e também não me sinto em casa =/ espero mudar isso logo, não dá pra morar anos numa cidade e não ter um lugar pra chamar de lar.
    ah, uma pergunta.. onde você faz ballet? sempre quis fazer, mas sempre achei que fosse muito caro.

    Bom, é isso.. se algum dia quiser conversar sobre essas lutas diárias nessa cidade caótica e incrível ao mesmo tempo, estou aqui :)
    Beijos!

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Sempre tento responder os comentários. Se quiserem ver a minha resposta, deem um checadinha!! ♥♥♥♥

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